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Andréa a Repórter

Essa matéria foi extraída do blog, na qual podem conferir:
http://cidadaoquem.blogspot.com/

Reconhecer os traços da Tina do Maurício de Sousa foi o que primeiro me chamou atenção em Andrea, A Repórter. Sem falar que não havia nada nas bancas para a faixa etária que eu estava em 1991.

Aliás, haver havia! Mas nunca fui com a cara de super-heróis americanos em quadrinhos (tipo Marvel, DC), com aqueles traços sujos, cores escuras, balõezinhos abarrotados de texto e histórias sempre a serem completadas em outros gibis.

Gostava de mangá, mas o gênero se resumia a Akira. Edições quinzenais custando os olhos da cara para quem tinha que passar fome no recreio pra gastar na banca.

Para quem se alfabetizou sozinho para entender Turma da Mônica além dos desenhos, Andrea foi um achado! Há pouco tempo, o próprio Maurício de Sousa me contou via Twitter que Aluir Amâncio foi o responsável pelos quadrinhos de sua Tina.

Amâncio (hoje com renomada carreira internacional) foi muito feliz não só nos traços, mas na narrativa. Como num seriado de TV americana, as historinhas tinham certa continuidade na linha de tempo dos personagens, embora, cada uma contava trama com começo meio e fim.

Logo na primeira aparição vemos a heroína cobrindo um evento de arromba, repleto de celebridades. Dá pra identificar Hebe Camargo, Jô Soares, Peter Parker, Tarcísio Meira, Clark Kent, Faustão e Caetano “Eu Sou Neguinha” Veloso.
Mas não se engane! Eram aventuras policiais com pitadas de romance de uma intrépida jornalista junto ao fotógrafo (e paquera) Al, nos moldes dos filmes 40’s, quando as profissionais da notícia se envolviam sem querer em casos perigosos.

Os enquadramentos também eram de cinema. Usando e abusando de closes e planos dramáticos, lembrando storyboards.

Infelizmente durou apenas 3 edições. Como toda publicação que está para acabar, a periodicidade ficou abalada.

Fiquei alguns meses voltando da banca de mãos vazias até conseguir o terceiro e derradeiro exemplar. Levei outros meses esperando em vão o quarto...

Em entrevista ao site HQ Maniacs, Aluir Amâncio conta que foi um projeto pessoal, assinado com a Abril para ser bimestral. Ou seja, em seis meses teríamos três edições.

Ele não se lembra da quantidade exata, mas sabe que vendeu mais que os hits da editora. Quando saiu o primeiro, a Abril mudou a periodicidade para mensal.

Isso custou a continuidade já que ele está sempre envolvido em outros projetos ao mesmo tempo. Ainda teve um problema na mão que o impediu de continuar desenhando na época, e ironicamente, resultou na quantidade originalmente prevista de revistinhas.